sábado, 30 de agosto de 2014

Após protestos, Zara recolhe blusa que lembra nazismo

Camiseta listrada tem semelhanças com o uniforme usado pelos judeus nos campos de concentração. Loja pede desculpas e diz que a inspiração era o Velho Oeste.

Camiseta da Zara causou polêmica e foi recolhida
A rede de moda Zara tirou de linha uma camiseta de sua nova coleção infantil após ser alvo de uma série de críticas por a peça lembrar o uniforme usado pelos judeus nos campos de concentração nazistas. A varejista espanhola se desculpou pelo ocorrido, argumentando que a roupa era para ser, na verdade, uma referência ao Velho Oeste.
Batizada de "sheriff" (xerife), a blusa de mangas compridas trazia listras horizontais escuras e uma estrela amarela de seis pontas na altura do peito, no lado esquerdo. A associação com as vestes usadas pelas vítimas do Holocausto não é gratuita: além de o uniforme dos campos de concentração também ser listrado, os judeus eram obrigados a usarem um distintivo amarelo no formato da estrela de Davi.
"[A blusa] só ficou à venda por algumas horas, e apenas online, não chegou às lojas", disse uma porta-voz da Inditex, proprietária da Zara. "Foi retirada nesta manhã." De acordo com a porta-voz, a estrela amarela era uma referência aos distintivos dos xerifes, "que também têm seis pontas". "Mas obviamente estamos cientes da sensibilidade do tema, e é por isso que a recolhemos."
A empresa disse ter retirado o item horas depois de uma série de protestos nas redes sociais. A peça havia sido colocada à venda na internet em três países europeus, mas pôde ser vista no catálogo da coleção em vários outros. A porta-voz não disse quantas blusas chegaram a ser vendidas e nem se os clientes que a compraram vão recebê-la.
Em 2007, a Zara já havia sido criticada por vender uma bolsa bordada com uma suástica nazista. Na ocasião, e empresa alegou que o acessório havia sido adicionado ao catálogo sem seu conhecimento.
http://moda.terra.com.br/zara-retira-de-venda-camiseta-que-lembra-nazismo,8356f4cce5818410VgnVCM3000009af154d0RCRD.html
http://www.dw.de/ap%C3%B3s-protestos-zara-recolhe-blusa-que-lembra-nazismo/a-17886401

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Nigeriano cria bonecas negras contra preconceito e supera venda de Barbie

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Publicado no G1
A Nigéria é o país com a maior população negra do mundo. Mesmo assim, quando o nigeriano Taofick Okoya foi comprar um presente de aniversário para sua sobrinha, em 2006, só achou bonecas brancas nas lojas.
Foi então que o empresário de 44 anos, que na época era diretor-executivo da empresa familiar de utensílios de plástico, teve a ideia de fabricar bonecas que fossem da cor da imensa maioria das crianças de seu país.

Surgiu, assim, a Queens of Africa (“rainhas da África”), uma empresa que hoje já vende mais bonecas na Nigéria do que a famosa Barbie.

“A ideia é promover a autoaceitação e a confiança nas crianças africanas e nigerianas. Queria que elas gostassem de si mesmas e de sua raça. Percebi que a superexposição a bonecas e personagens brancos fazia com que elas desejassem ser brancas”, disse Okoya ao G1.
Ele conta que teve um exemplo disso em sua própria casa, em uma conversa com sua filha, quando ela tinha 3 anos de idade. “Os personagens preferidos dela eram todos brancos, as bonecas, também. Um dia ela me perguntou: ‘de que cor eu sou?’. Disse que ela é negra e ela falou que preferiria ser branca. Tive que explicar que há tipos diferentes de pessoas e culturas no mundo, que não somos todos iguais, e que negro também é bonito”, diz ele.
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Resistência
A Queens of Africa fabrica seis modelos de bonecas, que representam os três maiores grupos étnicos da Nigéria: Hausa, Igbo e Yoruba. Os cabelos e as roupas se baseiam em looks de mulheres africanas.

A marca enfrentou resistência no início. Segundo Okoya, os nigerianos não estavam acostumados a ver bonecas negras e as crianças preferiam as brancas.

Além da barreira cultural, havia a barreira econômica. “Bonecas são vistas como algo elitista na Nigéria, porque costumam ser caras”, diz o empresário. A solução foi criar produtos com várias faixas de preço: a boneca mais barata, chamada Princesa Naija, é vendida pelo equivalente a US$ 5 (cerca de R$ 11).
Depois de “muitos altos e baixos”, a Queens of Africa emplacou. Em média, são fabricadas cerca de 24 mil unidades por mês – o número sobe nos períodos festivos, como Natal e Dia das Crianças.
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Brasil
Por enquanto, as bonecas só são vendidas na Nigéria, mas Okoya pretende mudar isso logo. Segundo ele, até o fim do ano a marca fará vendas online. Ele diz tambem que há empresas de outros países da África, da Europa e dos Estados Unidos interessadas em revender os produtos.
No perfil da marca no Facebook, uma mensagem em inglês e em português diz que as bonecas chegarão em breve ao mercado brasileiro. Okoya afirma que está em negociação com uma pessoa que venderia or produtos no Brasil em pequena escala – ele não revela o nome. “Quero enviar o primeiro pedido neste mês”, diz.

No mercado brasileiro, as bonecas negras são minoria, mas alguns modelos podem ser encontrados em lojas de brinquedos.

Segundo Okoya, a aceitação das bonecas na Nigéria melhorou muito com o tempo. Ele defende que as crianças sejam expostas à diversidade nas brincadeiras. “Elas têm que aprender a apreciar e a aceitar as diferenças sem perder sua própria identidade. É triste que elas cresçam com esse sentimento de insegurança, querendo ser outra pessoa”, completa.
http://www.pavablog.com/2014/08/28/nigeriano-cria-bonecas-negras-contra-preconceito-e-supera-venda-de-barbie/

terça-feira, 26 de agosto de 2014

Fotografia: a escravidão moderna que fingimos não ver

Projeto fotográfico tocante registra a escravidão moderna que fingimos não ver

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Projeto fotográfico tocante registra a escravidão moderna que fingimos não ver. (Todas as fotos por Lisa Kristine)
Jaque Barbosa, Hypeness
Facilmente caímos na tentação de pensar que a nossa liberdade e direitos são coisa garantida, esquecendo que há pessoas para quem isso não passa de um sonho. Lisa Kristine pôs o dedo na ferida de forma extraordinária: documentando a escravidão moderna, aquela que fingimos não saber que existe.
A ativista está há 28 anos retratando culturas indígenas ao redor do mundo, mas foi em 2009 que ‘acordou’ para o problema da escravidão dos nossos dias. A estimativa de que existem mais de 27 milhões de pessoas escravizadas e a sua falta de conhecimento sobre o tema a envergonhavam.

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Assim começou sua jornada, que acabou em Modern Day Slavery, uma série cativante e ao mesmo tempo dolorosa. Seja um mineiro no Congo ou um trabalhador de olaria no Nepal, a escravidão existe e tem rostos. Lisa foi conhecê-los.
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(Foto: Lisa Kristine)
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(Foto: Lisa Kristine)
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(Foto: Lisa Kristine)
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(Foto: Lisa Kristine)
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(Foto: Lisa Kristine)
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(Foto: Lisa Kristine)
Na sua intervenção na conferência TED, em janeiro de 2012, a fotógrafa deixa o alerta, com episódios e imagens impressionantes.
http://www.pragmatismopolitico.com.br/2013/08/fotografia-a-escravidao-moderna-que-fingimos-nao-ver.html

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

As 11 descobertas recentes mais importantes da astronomia

No início de agosto de 2012, a Sonda Curiosity da NASA pousou em Marte após uma viagem de oito meses. E a agência espacial já anunciou que pretende mandar mais uma sonda para explorar o planeta vermelho em 2016. O pouso da sonda foi um grande passo para a história da astronomia e da humanidade, mas não foi o único fato importante na história recente da ciência. Veja outras 11 descobertas incríveis:
11. Descoberta: Sol é o objeto natural mais redondo do Universo
Uma pesquisa publicada na revista Science em 2012 mostrou que a variação na forma do Sol é bem menor do que os cientistas supunham. Eles analisaram imagens obtidas pelo Solar Dynamics Observatory da Nasa e concluíram que o Sol é o objeto natural mais redondo conhecido.
A descoberta quebrou uma crença antiga de que a forma do Sol mudava de acordo com os ciclos solares. Isso está ajudando os pesquisadores a entender melhor o comportamento do Sol e a sua dinâmica com os planetas.
10. Descoberta: Mais uma Lua orbitando Plutão
P4, quarta lua de Plutão
O planeta anão agora tem quatro luas conhecidas: Hydra, Nix, Charon e P4. A maior delas é Charon, que foi descoberta em 1978. Somente em 2005, o Telescópio Espacial Hubble descobriu Nix e Hydra. Mas, a mais surpreendente descoberta ocorreu em 2011, quando o telescópio fotografou o que está sendo chamado temporariamente de P4: uma lua com um diâmetro de até 34km.
Foi uma tremenda façanha para o Hubble. Afinal, ele conseguiu capturar uma imagem de algo muito pequeno, em uma distância de cerca de 4,8 bilhões de quilômetros da Terra. Não é pouca coisa. E a descoberta também ajudou a levantar a moral de Plutão, que andava baixa desde que ele foi rebaixado a planeta anão em 2006.
9. Descoberta: Enormes bolhas magnéticas no espaço
As duas sondas espaciais Voyager da Nasa encontraram bolhas magnéticas na região do Sistema Solar conhecida como Heliosheath, que fica a cerca de 14,5 bilhões de quilômetros da Terra.
Nos anos 1950, os cientistas acreditavam que essa região do espaço era relativamente calma. Porém, quando a Voyager 1 e a Voyager 2 entraram na Heliosheath, respectivamente em 2007 e  2008, elas detectaram uma turbulência gerada pelo campo magnético do Sol. Esse campo seria o responsável por criar as bolhas magnéticas de até cerca de 161 milhões de quilômetros de largura.
8. Descoberta: Estrelas também podem ter caudas
Cauda da estrela Mira A
Em 2007, o telescópio espacial GALEX (Galaxy Evolution Explorer) escaneou a Mira A, uma estrela gigante vermelha, como parte de uma operação para escanear todo o céu em luz ultravioleta.
A surpresa veio quando os astronômos identificaram uma cauda como a de um cometa formando um rastro da Mira A. E isso porque a estrela está se movendo pelo Universo em uma velocidade impressionante, cerca de 468.319 km/h. Até então, se pensava que estrelas não podiam ter caudas.
7. Descoberta: Água na Lua
O satélite da Nasa LCROSS (Lunar Crater Observing and Sensing Satellite) foi desenvolvido para se fixar na Lua e colher informações. Para completar a missão, outro satélite menor o acompanhava para medir a constituição química dos materiais colhidos pela sonda maior. Em outubro de 2009, o LCROSS encontrou pequenas moléculas de água em uma cratera fria e permanentemente escura do pólo sul da Lua.
Depois de um ano de análises, a Agência Espacial Americana confirmou que a missão realmente havia encontrado água congelada no chão da cratera. Depois, 3 naves espaciais diferentes enviaram dados que indicam que algumas áreas do solo da Lua são revestidas por uma fina película de água. Não é preciso explicar por que isso é um baita avanço, né?
6. Descoberta: Eris, mais um planeta anão
Em janeiro de 2005, cientistas descobriram Eris, que fica localizado além da órbita de Plutão e tem aproximadamente o mesmo tamanho que esse planeta anão. Também foi descoberto que Eris tem sua própria lua, chamada de Dysnomia. Os dois são os objetos naturais mais distantes conhecidos no Sistema Solar.
A descoberta de Eris lançou o debate entre os cientistas sobre a definição do que realmente podia ser chamado de planeta: inicialmente, ele foi cotado para ser o 10º planeta do Sistema Solar. Mas acabou na lista dos planetas anões, assim como Plutão.
5. Descoberta: Evidências de água em Marte
Evidências de água em Marte
Em 2011, a Agência Espacial Americana divulgou uma sequência de fotos e uma declaração dizendo que tinha evidências de que pode existir água corrente em Marte. Nas fotos era possível ver o que parece ser um líquido escorrendo pela paisagem rochosa do planeta e marcas desse fluxo nas rochas. Os cientistas acreditam que as marcas do fluxo sejam formadas por água salgada, que se aquece durante os meses de verão do planeta apenas o suficiente para derreter e “saltar” pela superfície.
Sinais de que Marte teria água corrente já tinham sido vistos antes, mas essa foi a primeira vez que essas marcas puderam ser observadas durante um curto período de tempo.
4. Descoberta: Uma das luas de Saturno exala vapor de água
Enceladus
Em julho de 2004, a sonda Cassini começou a orbitar Saturno. Por causa das missões anteriores do Voyager, uma das prioridades da missão de Cassini era investigar a 6ª maior lua do planeta, chamada de Enceladus. Depois de diversos voos em 2005, foram descobertos vapor de água e complexos hidrocarbonetos exalando de uma região geologicamente ativa da lua.
A descoberta empolgou tanto os cientistas da Nasa que, em maio de 2011, eles afirmaram que a Enceladus “está emergindo como o local mais habitável além da Terra no Sistema Solar para a vida como conhecemos”.
3. Descoberta: “Fluxo escuro”
Descoberto em 2008, o “fluxo escuro”, como está sendo chamado pelos astrônomos, é mais um mistério do que uma resposta. Pedaços de matéria no universo parecem estar se movendo em altas velocidades e em uma direção uniforme que não pode ser explicada por nenhuma das forças gravitacionais conhecidas.
Alguns cientistas estão dizendo que o “fluxo escuro” pode ser causado por outro universo pressionando o nosso. Já outros nem acreditam na existência do fluxo. O fato é que ainda não dá pra dizer qual a real importância dessa descoberta, mas é bom ficar de olho.
2. Descoberta: Planetas fora do Sistema Solar
Os primeiros planetas localizados fora do Sistema Solar foram descobertos em 1992. Vinte anos depois, em fevereiro de 2012, a missão Kepler da Nasa identificou mais 2.321 candidatos a novos planetas fora de nosso sistema.
Em maio de 2012, a lista desses planetas já acumulava 770 confirmados. Essa conta inclui 614 planetas em sistemas planetários e mais 104 planetas em sistemas planetários múltiplos. E, embora os números sejam baixos, isso só mostra que estamos avançando no conhecimento do Universo.
1. Descoberta: Primeiro planeta em zona habitável
Kepler 22b
Em dezembro de 2011, a Agência Espacial Americana confirmou a descoberta do primeiro planeta localizado na zona habitável de uma estrela parecida com o Sol. O planeta está sendo chamado de Kepler-22b e tem cerca de 2,5 vezes o tamanho do raio da Terra. Cientistas estão incertos quanto à composição do planeta, mas a descoberta foi um passo a mais na busca por um planeta gêmeo da Terra.
http://super.abril.com.br/blogs/superlistas/descobertas-importantes-astronomia/?utm_source=redesabril_jovem&utm_medium=facebook&utm_campaign=redesabril_super

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

2014 é o novo 1914?

Há cem anos, o mundo via sua era mais pacífica e globalizada desembocar na maior guerra da história até então. E a realidade de hoje talvez não seja tão diferente


O mundo nunca esteve tão calmo. Menos gente morreu em conflitos armados no século 21 do que em qualquer década do século passado. Foram 55 mil mortos por ano, contra o dobro disso nos anos 90 e o triplo na Guerra Fria. O número de governos eleitos subiu de 69 em 1991 para 118 em 2013, e democracias modernas nunca fizeram guerra entre si.

Nesse tempo, o comércio internacional quintuplicou, áreas de livre comércio pipocaram, o número de passageiros aéreos internacionais dobrou e a internet se expandiu de 0,1% para 36% da população mundial. A globalização cresceu de tal forma que o mundo se tornou interdependente demais para que uma guerra entre potências pareça plausível.

A última vez em que tudo parecia tão em ordem globo afora foi justamente há cem anos. No começo de 1914, o mundo vivia um auge inédito de paz e progresso. Desde o fim das Guerras Napoleônicas, em 1815, a Europa não via uma guerra de escala continental. Informações atravessavam fronteiras em tempo real pelo telefone e pelo telégrafo. O Expresso do Oriente ligava Paris a Istambul - e de lá até cantos exóticos como Bagdá e Medina, trazendo para as penteadeiras ocidentais perfumes com essências das Arábias. Os cosmopolitas londrinos, parisienses e berlinenses discutiam em mesas que serviam café brasileiro e chá indiano, frequentavam óperas com histórias vindas da Pérsia e se maravilhavam com invenções como o automóvel, o avião e o cinema.

Nada parecia impedir o avanço natural das sociedades. Só que havia algo de podre no reino da paz. Esse avanço não era natural, mas extremamente político. Por trás da duradoura tranquilidade havia um xadrez estratégico chamado "equilíbrio de poder". Toda vez que uma potência do continente dava sinal de querer brincar de Napoleão, a Grã-Bretanha, nação mais poderosa da época, apoiava as potências rivais. Assim, nenhum país se sobressaía.

Tudo funcionou bem até que, no centro da Europa, uma salada de pequenos Estados rurais decidiu se unificar. Liderados pela Prússia, eles viraram o Império Alemão. Rapidamente, formaram a maior rede ferroviária da Europa, a maior indústria siderúrgica do mundo e a maior fome por recursos naturais e mercados. Se os tempos fossem outros, a Grã-Bretanha faria de tudo para barrar a expansão alemã, que ameaçava silenciosamente tanto a França quanto a Rússia. Mas eis que veio o conto da carochinha. Quando potências conseguem assegurar seus interesses pelo livre-comércio, elas não precisam fazê-lo pela guerra. E o Império Alemão e a Grã- Bretanha eram os maiores parceiros comerciais entre si na Europa. Uma guerra só poderia atrapalhar... Pois bem. Bastou o assassinato do arquiduque austro-húngaro Francisco Ferdinando por um estudante anarquista para começar a então maior guerra da história, que matou 9 milhões de pessoas, ergueu barreiras comerciais, e gerou o embrião da Segunda Guerra, ainda mais apocalíptica. E o mais incrível é que só na década de 1990 a globalização pré-1914 seria retomada de fato.

Mas a história nos ensina que a história não nos ensina nada, lembra o diplomata Rubens Ricupero. A revista britânica The Economist recentemente identificou a charada do centenário de Primeira Guerra. Se 1914 e 2014 fossem duas partidas de xadrez, as peças dos dois tabuleiros estariam em posições assustadoramente semelhantes, com a diferença de um estar na Europa e outro estar no Oceano Pacífico. A Grã-Bretanha de então seriam os EUA de hoje - o manda-chuva econômico e militar cada vez mais enfraquecido. A nova França seria o Japão - o aliado em decadência política e econômica que não consegue mais apitar sozinho em seu quintal. E quem faz o papel do Império Alemão é, claro, a China - a potência que há poucos anos se tornou o número dois do mundo em quase tudo o que importa em geopolítica: orçamento militar e uma indústria sedenta por recursos naturais e mercados.

Tal como no início de 1914, acreditamos que o comércio internacional se tornou tão dinâmico que uma guerra mais atrapalharia do que contribuiria para os interesses das potências. Para que a China faria alguma guerra se os EUA e o Japão são seus maiores parceiros comerciais? Mas, enquanto os agentes econômicos do mundo focam nessa pergunta, a China aumentou de 1% para 10% sua fatia no orçamento militar do planeta. Ainda é um quarto do orçamento americano, mas já é mais que o triplo do japonês e não para de crescer. Agora, começou a mostrar os dentes ao Japão na disputa por algumas ilhotas que servem de pouco mais que estacionamento de gaivotas. E continua a passar a mão na cabeça da Coreia do Norte, a ditadura atômica que vive de fazer ameaças insanas.
Nada disso significa a iminência de uma Terceira Guerra Mundial, claro. Não porque as economias de EUA, China e Japão sejam interdependentes - esse mito foi assassinado junto com Francisco Ferdinando em 1914. Não. A razão está em Hiroshima. Ironicamente, nosso seguro contra um conflito global é o risco de uma hecatombe maior - o holocausto atômico. E seria completamente idiota atravessar essa linha vermelha, certo? Certo. Há cem anos, porém, a ideia de uma guerra total parecia tão estúpida quanto. E nem por isso ela deixou de acontecer.

sábado, 9 de agosto de 2014

Quem são os mortos do conflito em Gaza?

Mortes em Gaza (BBC)
Homem com roupas manchadas pelo sangue é consolado em hospital em Khan Younis: cerca de 1.900 palestinos morreram em Gaza
Cerca de 1.900 palestinos, a maioria civis, morreram desde o início da ofensiva israelense em Gaza, em 8 de julho.
São 66 israelenses mortos - dois civis e o restante soldados - na operação para destruir túneis sob a fronteira usados por militantes e interromper o lançamento de foguetes pelo Hamas contra Israel.
Mas, o que se sabe sobre as vítimas e onde elas morreram?
Segundo dados do Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA, na sigla em inglês), 1.890 palestinos morreram no conflito até 6 de agosto.
Entre os mortos, estão 414 crianças e 87 homens e mulheres com idades acima de 60 anos.
O mais jovem tinha 10 dias de vida e, o mais velho, 100 anos.
A ONU estima que o número de militantes mortos é abaixo de 200, mas Israel diz que cerca de 900 deles foram mortos na ofensiva.
Gaza
Palestinos foram mortos por todo o território de Gaza - uma faixa de terra de 40km de comprimento por 10km de largura. O maior número de vítimas foi em Khan Younis, ao sul, e na Cidade de Gaza, ao norte.
Muitos se refugiaram em abrigos mantidos pela ONU, inclusive escolas. No entanto, estes locais também foram atacados, incluindo no norte de Gaza, Jabaliya e Rafah.
Enquanto isso, dois civis israelenses morreram em Haifa e perto do posto de fronteira de Erez, no norte de Gaza. Um tailandês também morreu, em Ashkelon.
Gaza

Fonte:http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/08/140807_gaza_conflito_mortos_hb.shtml?ocid=socialflow_facebook

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Cães mensageiros da Primeira Guerra Mundial

Pastor alemão mensageiro pronto para transportar mensagens, munição, entre outras coisas, durante a Primeira Guerra Mundial. Fotografia: autor desconhecido.
Pastor alemão mensageiro pronto para transportar mensagens, munição, entre outras coisas, durante a Primeira Guerra Mundial. Fotografia: autor desconhecido.

Além de pombos e radiocomunicadores, os melhores amigos do homem — cães — também serviram como eficiente meio de comunicação e transporte de pequenos materiais durante os horrores da Primeira Guerra Mundial (1914-1918).

Presilhas e tubos para mensagens eram fixados à coleira do cão que, por sua velocidade e agilidade, mostrava-se um difícil alvo para atiradores inimigos. Sua capacidade de saltar e driblar trincheiras e arame farpado, assim como rapidamente percorrer longas distâncias, fizeram-no ser utilizado por ambos os lados durante a guerra.
Cão mensageiro fotografado no exato momento em que salta trincheira alemã, durante a Primeira Guerra Mundial. Fotografia: Museu Imperial da Guerra, Londres, Inglaterra.
Cão mensageiro fotografado no exato momento em que salta trincheira alemã, durante a Primeira Guerra Mundial. Fotografia: Museu Imperial da Guerra, Londres, Inglaterra.
Canil central francês, Primeira Guerra Mundial. Fotografia: autor desconhecido.
Canil central francês, Primeira Guerra Mundial. Fotografia: autor desconhecido.
Cão equipado com máscara de gás em canil francês, durante a Primeira Guerra Mundial. Fotografia: autor desconhecido.
Cão equipado com máscara de gás em canil francês, durante a Primeira Guerra Mundial. Fotografia: autor desconhecido.
Cães mensageiros medicados após ferimentos. Fotografia: autor desconhecido.
Cães mensageiros medicados após ferimentos. Fotografia: autor desconhecido.
A equipe do Museu de Imagens buscou informações para creditar a(s) imagem(ns). Entretanto, nada foi encontrado. Caso saibam, por gentileza, avisem-nos: contato@museudeimagens.com.br
REFERÊNCIA:
GORZONI, Priscila. Animais nas Guerras: A força do exército de bichos nas grandes batalhas da História. São Paulo: Matrix, 2010.
WILLMOTT, H. P.. Primeira Guerra Mundial. trad. Cecília Bartalotti, Myriam Campello, Renato Aguiar. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2008.
 
Fonte:http://www.museudeimagens.com.br/caes-mensageiros-guerra/

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Artistas palestinos transformam fumaça das bombas israelenses em imagens poderosas

Enquanto o conflito na faixa de Gaza parece não encontrar o caminho da paz, artistas locais se mobilizam através da arte. A fumaça de explosões vista em algumas imagens de guerra na Palestina ganhou um toque de criatividade e foi transformada em outras figuras, por meio de desenhos feitos por Tawfik GebreelBushra Shanan e Belal Khaled.

As sobreposições respondem às crises no país e procuram enviar uma mensagem humanitária universal, com o uso de símbolos de esperança e outros desenhos, que prestam homenagem aos mortos durante o conflito, à resistência e rebeldia.

Sabe quando ficamos olhando as nuvens em busca de figuras? A ideia partiu disso, seguindo os contornos exatos das fumaças. Só que, neste caso, a busca por conforto e até uma certa fantasia é ainda maior, servindo como um refúgio em meio à guerra e um grito de esperança.

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Todas as fotos © Tawfik Gebreel, Bushra Shanan e Belal Khaled

Fonte: http://www.hypeness.com.br/2014/07/fumaca-das-bombas-palestinas-sao-transformadas-em-outras-imagens-pelas-maos-de-artistas-locais/

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Como é a Cidade proibida, em Pequim?

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Construída de 1407 a 1420, ela foi concebida para ser o lar dos imperadores chineses – inicialmente, da disnatia Ming e, depois, da Qing. Com exceção da família do regente e seus empregados, ninguém sabia o que se escondia atrás de seus muros de 10 m de altura, circundados por um fosso com água de 52 m de largura. O mistério acabou em 1924, após a revolução que tornou o país uma república. A área de 720 mil m2 reúne aproximadamente 8 mil cômodos, distribuídos em cerca de 800 prédios luxuosos, que hoje foram convertidos no Museu do Palácio Imperial.
PORTAS ABERTAS
Conheça alguns dos prédios do Museu do Palácio Imperial
Guerra e paz
Em várias épocas, a Galeria da Eminência Militar foi usada pelo imperador para receber ministros e reunir a corte. Virou uma espécie de setor de análise estratégica em tempos de guerra. Hoje, abriga a Galeria de Pintura – com a maioria das obras de arte feita no palácio.
O dragão reina
O principal templo é a Galeria da Harmonia Suprema, que era reservada para cerimônias importantes, como coroações e aniversários do imperador. Apenas ele podia entrar pela rampa de mármore adornada com esculturas de dragões. Até hoje estão no salão os carrilhões musicais de jade e o Trono do Dragão, de onde o imperador emitia suas decisões absolutas.
- A Cidade foi toda construída segundo os preceitos feng shui, a milenar arte chinesa de harmonizar ambientes.
Há vagas
O regente usava o Salão da Harmonia Preservada como vestiário antes de rituais. Aqui, ele saudava convidados e discursava para os filhos que tinha com suas esposas e muitas concubinas. Outra função era receber alguns banquetes e os exames palacianos – uma espécie de concurso que selecionava cidadãos para altos cargos governamentais.
O zen da natureza
O Jardim Imperial era um dos poucos lugares aonde as pessoas enclausuradas no complexo podiam ir para relaxar. Rodeado de lagos, pinheiros, flores e bambu (símbolos clássicos da jardinagem chinesa), o local recebia praticantes de meditação e famílias, que se reuniam para jogar xadrez ou tomar chá.
A casa virou gabinete
Na dinastia Ming e no início da dinastia Qing, o Palácio da Pureza Celestial era a residência do imperador e da imperatriz. Depois de subir ao trono, Yongzheng, o terceiro imperador dos Qing, mudou sua residência para o Salão do Culto Mental e este palácio virou seu escritório. Até hoje, acima do trono, há uma placa em que se lê: “Justiça e transparência”.
Saber pro escrito
A Galeria da Glória Literária abrigava todo o acervo tipográfico do palácio, de livros sagrados a relatórios dos imperadores, e era palco das leituras cerimoniais realizadas pelos respeitados estudantes do confucionismo (um sistema filosófico chinês). Atualmente, a área reúne 429 peças de cerâmica do palácio – é a chamada Galeria de Cerâmica.
- No Palácio da Tranquilidade Terrestre rolavam os casamentos imperiais, em uma câmara inteiramente pintada de vermelho.
Fonte:http://mundoestranho.abril.com.br/materia/como-e-a-cidade-proibida-em-pequim