segunda-feira, 20 de novembro de 2017

Qual foi o ataque de baleia mais marcante da história?

História inspirou o clássico "Moby Dick"


baleia

Foi uma investida feita por um cachalote enfurecido, no início do século 19, contra um navio baleeiro no meio do Pacífico. O cetáceo, de 26 metros, trombou violentamente duas vezes com a embarcação, apenas 1 metro maior do que o animal, até afundá-la de vez. Os marinheiros conseguiram escapar ao ataque, mas, após meses à deriva no mar, poucos sobreviveram – e isso após fazerem coisas inimagináveis para não morrer. Essa história acabou inspirando o escritor americano Herman Melville (1819-1891) a escrever um dos clássicos da literatura, Moby Dick. Veja como foi essa eletrizante vingança da caça!
Cetáceo vingador
Animal não deixou barato e afundou baleeiro que queria fisgá-lo
1. O baleeiro Essex deixou o porto de Nantucket, na costa de Massachusetts (EUA), em 1819, para uma expedição de caça no Pacífico Sul. Com 27 metros de comprimento e 238 toneladas, era liderado pelo capitão George Pollard Jr., de 28 anos, e levava a bordo outros 20 marujos
2. Em novembro de 1820, um ano após a partida, os marinheiros avistaram um grupo de baleias e já foram lançando seus arpões. Entre elas, estava um enorme cachalote de, estima-se, 26 metros e 80 toneladas. Com a cabeça cheia de cicatrizes, ele parecia não temer os caçadores
3. E não temia mesmo. Subitamente, o cetáceo vingador, que estava a 100 metros, sacudiu a cauda e nadou na direção do Essex, atingindo-o brutalmente na lateral. O barco balançou como se tivesse batido numa rocha, derrubando todos no chão
4. Após o primeiro choque, o cachalote enfurecido se distanciou uns 600 metros e mirou a embarcação de novo, espancando a água com a cauda. O animal então partiu como um míssil na direção do barco e deu o baque fatal. O Essex rachou e começou a afundar. A baleia desvencilhou-se das tábuas estraçalhadas e nadou para longe, sem nunca mais ser vista
5. Apavorados, os 21 homens embarcaram em três botes levando 65 galões de água e 100 quilos de biscoitos. Um mês depois, chegaram a uma ilha deserta, mas, pensando que não durariam muito ali, partiram em dois botes para tentar chegar à América do Sul. Três homens decidiram ficar
6. Os botes logo se perderam um do outro. No barco do capitão Pollard, os homens já padeciam de diarreia, desmaios e feridas por causa da dieta ruim. Sem água, eles passaram a beber o próprio xixi. Então, os mais fracos começaram a morrer. Os primeiros corpos foram jogados no mar, conforme a tradição naval
7. Porém, quando o rango acabou de vez, os náufragos se desesperaram. Para não morrer de fome, decidiram praticar canibalismo, se alimentando dos próprios companheiros mortos. Primeiro, cortavam a cabeça e, em seguida, devoravam o coração e o fígado
8. Algumas semanas se passaram e, como não houve mais baixas, os desesperados resolveram tomar uma decisão ainda mais extrema: tirar na sorte quem seria sacrificado para alimentar o grupo. O carrasco executor também foi sorteado
9. Finalmente, 95 dias após o ataque do cachalote, o bote do capitão Pollard foi resgatado por um barco. A essa altura, de tão desorientados, ele e o outro sobrevivente nem notaram a aproximação da embarcação salvadora – estavam roendo os ossos de um colega morto
• Dos 21 marujos, só oito sobreviveram: dois do bote do capitão, três do outro bote e três salvos da ilha. Dos 13 mortos, sete foram devorados pelos companheiros
• A força do impacto da baleia foi tão grande que equivaleria ao baque de um carro de 1 tonelada a 100 km/h!
https://mundoestranho.abril.com.br/mundo-animal/qual-foi-o-ataque-de-baleia-mais-marcante-da-historia/

segunda-feira, 6 de novembro de 2017

A MPB nos tempos da ditadura

Jair Rodrigues, Nara Leão e Chico Buarque no Festival de 1966. Foto:Folhapress
É comum confundir-se música popular brasileira com MPB. A primeira é muito mais ampla. Inclui tudo que é composto e cantado no País. Como sigla, trata-se de um movimento dentro da música popular brasileira. Dessa forma, nem toda música popular brasileira é MPB, mas o oposto é verdadeiro. Foi na década de 1960 que esta última surgiu. Do ponto de vista burguês, a década não começara bem, pois a Revolução Cubana abalara a hegemonia capitalista no continente, apontando alternativa à ordem burguesa e ao alinhamento mecânico com os Estados Unidos. Ao mesmo tempo, se em 1960 Brasília foi inaugurada, ainda que inacabada, no ano seguinte a crise provocada pela renúncia de Jânio Quadros e o impedimento da posse de João Goulart arrefeceram esse ânimo e fizeram lembrar a instabilidade política, característica de nossa democracia. Um golpe havia sido evitado em 1954, com o suicídio de Getúlio Vargas, mas a crise de 1961 fortaleceu essa ideia, acelerando a gestação da ruptura institucional de 1964. Foi nesse momento, no início dos anos que antecederam a ação golpista de militares e da burguesia brasileira, que começou também a se constituir outro movimento na música brasileira, caracterizado exatamente por essas marcas do início da década.
MPB, Bossa Nova e Jovem Guarda
A MPB, desde cedo, procurou acompanhar as mudanças pelas quais o Brasil passava e suas composições registravam o que outros ritmos não faziam. Para que esse tipo de música aparecesse, a televisão foi indispensável. A TV Excelsior iniciou a “era dos festivais”, em 1965, quando colocou no palco, pela primeira vez, jovens que estavam produzindo músicas destoantes dos outros dois movimentos que até então dominavam o meio musical– —brasileiro: a Bossa Nova e a Jovem Guarda. Enquanto a primeira trazia uma música quase falada, intimista, cujo cenário inspirador era a zona sul carioca, a segunda guardava características dos jovens em áreas urbanas, com temas como festas, namoros etc.


A MPB, nesse sentido, rompeu com esse ideário ao incorporar temas sociais, políticos e apontar a necessidade de outro mundo, a começar por outro Brasil. Enquanto a MPB preocupava-se em refletir sobre questões de ordem político-social, a Jovem Guarda, influenciada pelos The Beatles – daí outra denominação para esse movimento, o iê-iê-iê, em referência ao Yeah! Yeah! Yeah! do grupo inglês – guardava em suas letras referências do cotidiano de um jovem, vivendo no espaço urbano e alienado dos acontecimentos pelos quais passavam o país e o mundo. Daí a menção às festas, namoros, carros, pequenos dramas e picuinhas típicas de quem tinha num pequeno romance o maior problema a ser encarado em sua vida.
Em relação à Bossa Nova, a MPB avançou para temas em que as letras até então não tratavam. De 1964 a 1968, o meio musical foi vigiado, porém, pouco admoestado pela ditadura. Os olhares estavam voltados a políticos e órgãos de imprensa. A Bossa Nova, não obstante a qualidade de seus autores e composições, teve como “matéria-prima” a paisagem urbana e temas secundários em relação à efervescência política da época. Se ela “é sal, é sol, é sul”, o que apareceu em -suas letras foram: a praia, o mar, O Barquinho, a Garota de Ipanema e assim por diante.
Ditadura, música e resistência
Os festivais de música nos anos 1960 trouxeram essa característica: juntar jovens compositores e cantores que tinham na música uma tomada de posição política. Na plateia, outros jovens, universitários e de classe média se posicionavam criticamente diante do júri, que fazia a classificação dos finalistas. É nesse sentido que em 1967, por exemplo, Roberto Carlos participa do III Festival da Record e não canta música da Jovem Guarda, mas de MPB. A música Maria, Carnaval e Cinzas, de Luiz Carlos Paraná, fala da mortalidade infantil e a desigualdade social.


A TV Excelsior, por causa do posicionamento político de seu proprietário, foi perseguida, e começou a definhar a partir do golpe de 1964, sendo definitivamente cassada no governo Médici. Enquanto isso, assistiu a suas concorrentes, a Record e a Globo, açambarcarem tudo que tinha feito até então. É por conta dessa perseguição, inclusive, que nos referimos aos “festivais da Record”, esquecendo o pioneirismo do canal 9 de São Paulo. A Globo, que iniciou suas atividades em abril de 1965, foi ocupando o espaço antes da Excelsior, inclusive com a contratação de artistas oriundos da antecessora.
Em novembro de 1968, foi criado o Conselho Superior de Censura, e, logo depois, com o Ato Institucional nº 5 (AI 5) do presidente Costa e Silva, foi instituída a censura prévia à música. Digladiando com o aparato repressor, enquanto esse último insistia no esquecimento de temas perturbadores da ordem, a música tratava de lembrá-los.
O campo da memória foi palco de disputas, e os palcos onde os músicos se apresentavam constituíram-se em campos de luta.


Lembrando o verso de Taiguara na epígrafe, e fazendo uma apropriação, a MPB traz em seu corpo as marcas do seu tempo. Tempo esse que a influenciaria para além de versos rebeldes, pois a música, num período de exceção, pode tornar-se uma tomada de posição, daí a censura, e as prisões de cantores e compositores.
Assim como a história, a memória histórica é construída socialmente, e, naquele momento, tentava-se constituir uma memória segundo os interesses das frações de classe, senão de toda classe burguesa, representadas num Estado autoritário e repressor. Manipulada a memória, a dominação de classes ficaria facilitada.
O que sobrevive, em termos de vestígios históricos, ou fontes, não é absolutamente tudo aquilo que existiu ou foi produzido no passado, mas o resultado de escolhas operadas pelas forças em conflito. Ainda que os historiadores efetuem suas escolhas, é necessário que nesse campo dos registros, onde as lutas de classes também ocorrem, os oprimidos deixem suas marcas, daí a importância das músicas e de seus autores, que expuseram de que lado estavam nessa arena.
Ainda que pareça uma batalha perdida, a guerra continuava para além dos festivais. Consolidados na música popular brasileira com uma obra que refletia as marcas de sua época, os cantores/compositores ganharam vida própria, aproveitaram a “estadia” no exterior para lançar internacionalmente suas músicas e carreiras, e, quando voltaram, continuaram a difícil tarefa de gravar suas impressões acerca daquele mundo e dos seus valores.
Talvez toda música devesse embutir essa missão, mas o fato é que, naqueles anos, no Brasil, a MPB se encarregou disso, e, após o golpe militar, as referências à ditadura, à desigualdade social e a temas de apelo popular, como reforma agrária, mortalidade infantil entre outros, apareceram em suas- letras e mesmo nos seus arranjos, ora de forma explícita, ora de maneira velada, por meio de metáforas que foram tão bem trabalhadas pelos compositores.
Com o AI 5, no entanto, os festivais de música definharam. Após a sexta-feira 13 de dezembro de 1968, censura, proibições e exílio tiraram desses palcos todos os que faziam da música um ato político, uma tomada de partido, restando aqueles que, se não defendiam explicitamente o regime, pelo menos não se comprometiam com uma mudança por meio de sua arte.
https://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/a-mpb-nos-tempos-da-ditadura
https://www.cartacapital.com.br/educacao/carta-fundamental-arquivo/marcas-de-um-tempo

Quais países estudam a história do Brasil?

Europeus, africanos e asiáticos se dedicam ao tema, mas pouco. O assunto geralmente é ensinado dentro da história da América Latina

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Zé Carioca ainda é um porta-voz do Brasil. A animação da Disney Você Já Foi à Bahia? (1944), estrelada pelo papagaio, é muito usada na hora de introduzir o Brasil em salas de aula no exterior. “O desenho foi criado como parte da política de boa vizinhança”, diz Lise Sedrez, professora da UFRJ, que lecionou nos Estados Unidos. O destaque dado em classe depende das relações – históricas, culturais, comerciais etc. – entre os países. “Nos EUA, as escolas de ensino médio que ensinam português também tratam da história brasileira”, diz Lise. Lá, é comum escolas próximas a comunidades de brasileiros ensinarem essas disciplinas. Já o país historicamente mais ligado a nós, Portugal, não dá tanta importância ao tema (veja abaixo). Outros europeus, como Espanha, França e Reino Unido, encaixam o assunto na grade de história da América Latina. Historicamente, o Brasil ainda é periferia.
O passado brasileiro no mundo
Temas e personagens nacionais estudados além das fronteiras
América
Nos países latinos, o tema mais recorrente é Getúlio Vargas, que é discutido junto a seus pares populistas, como Juan Domingo Perón, na Argentina. Nos EUA, os assuntos mais comuns são colonização e escravidão.
Europa
O tema é pouco discutido e aparece em subdivisões da disciplina que podem soar estranhas para nós, como história atlântica. Nem Portugal dá destaque. Lá, o Brasil é estudado junto com o finado império português.
África
Embora alguns países africanos compartilhem conosco o colonizador e, consequentemente, a língua, eles não se aprofundam em nossa história. Angola e Moçambique, por exemplo, enfocam só a escravidão.
Ásia
Há institutos específicos no Japão. Mas no Timor-Leste, ex-colônia de Portugal, é pior. Verônica Lima, da Universidade Nacional do país, diz que o maior contato com nossa cultura vem da música sertaneja. Ai, Se Eu te Pego é o novo Zé Carioca.
Fontes Demian de Melo e Lise Sedrez, professores de história da UFRJ; Koji Sasaki, professor da Universidade de Tóquio, Japão; Maicon Carrijo, pesquisador de história na USP; Verônica Lima, professora da Universidade Nacional do Timor-Leste.