sexta-feira, 2 de outubro de 2020

Onde foram parar o ouro e os diamantes de Minas Gerais?

 O verdadeiro destino é um mistério, mas uma coisa é certa: o valor do garimpo extraído ultrapassou a casa dos trilhões de reais.



Pois é! Entre meados do século 17 e o fim do século 18 – o auge da mineração no Brasil Colonial – foram extraídas da Capitania de Minas Gerais 128 toneladas de ouro, que hoje equivaleriam a 2,8 bilhões de reais. Além disso, foram garimpadas ali cerca de 2,8 toneladas de diamantes – que renderiam, nos valores atuais, 1,1 trilhão de reais. (Conforme a pureza das pedras, essa quantia poderia ser até dez vezes maior!) Moral da história: daria para pagar toda a dívida externa brasileira, avaliada em quase 1 bilhão de reais.

“Como a pirataria e o contrabando eram intensos, esses valores devem ter sido muito maiores”, afirma o historiador Luciano Figueiredo, da Universidade Federal Fluminense (UFF). O verdadeiro destino dessa bolada descomunal é um mistério, porque não há documentos históricos sobre o assunto.

Boa parte certamente foi usada para sustentar o luxo da Corte portuguesa, incluindo o pagamento de dívidas para com as maiores potências da época: Inglaterra e Holanda. Outro tanto foi para a construção e a decoração de igrejas. “A riqueza mineral de Minas também contribuiu para a reconstrução de Lisboa, após o terrível terremoto de 1755. Só uma pequena parcela ficou na colônia, aplicada na compra de escravos, na agropecuária e nas nossas igrejas”, diz Luiz Carlos Villalta, historiador da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop).

Adaptado de: https://super.abril.com.br/historia/onde-foram-parar-o-ouro-e-os-diamantes-de-minas-gerais/

segunda-feira, 8 de junho de 2020

Coronavírus: como os jovens podem driblar a ansiedade durante a pandemia

Publicado originalmente em: oglobo
Psicóloga alerta pais para cuidados com seus filhos adolescentes, que podem ficar deprimidos com o afastamento da escola e dos amigos

Como jovens podem lidar com a quarentena Foto: Editoria de Arte




Se controlar a ansiedade se tornou desafio no contexto de incertezas e inseguranças da pandemia do novo coronavírus, imagina como está a cabeça de um adolescente? Além dos efeitos do turbilhão hormonal e emocional comum da faixa etária, eles mudaram as relações familiares e os formatos em que se dão a sexualidade e sociabilidade — temas centrais de seu desenvolvimento cognitivo e afetivo. O que é, para um jovem, entre 12 e 17 anos, sair da escola? Ver o objetivo bem marcado de um Enem sumir do mapa sem um preparo específico? Como é não poder encontrar com os amigos?

Especializada no atendimento a adolescentes e em Saúde da Mulher, a psicóloga Érika Lopes alerta para uma necessidade que pode estar invisível no seio familiar: a dos jovens, que no meio de seu “preparo para o mundo”, se viram perdidos em suas bases e precisam de apoio.

— A psicologia divide o desenvolvimento humano em etapas. Nas duas primeiras, a pessoa ora se percebe como indivíduo, ora como parte de uma família. O “terceiro campo” é o social, quando a pessoa para de se voltar apenas para o pai, a mãe e os irmãos e se relaciona com o mundo, com o trabalho, os amigos. A adolescência é o momento de entrada neste terceiro campo, quando ela deixa de ser criança. E a juventude se vê privada, neste momento, desta vivência em grupo, “da galera” — afirma Érika Lopes, que diz que pais devem ficar atentos a mudanças de comportamento dos filhos para perceber se eles estão mais fechados ou melancólicos.

Como jovens podem lidar com a ansiedade Foto: Editoria de Arte



— A adolescência já é, desde antes da Covid-19, uma etapa onde se registram altos índices de crises de ansiedade, depressão e suicídio. E a situação atual pode ser um complicador na saúde mental dos jovens — diz a psicóloga, que propõe, no quadro abaixo, uma série de atividades para que jovens se mantenham sãos durante o isolamento social.
- O momento de instabilidade gera estresse e é normal sentir emoções como medo e a ansiedade. Se isso acontecer, dê vazão a esses sentimentos e sensações. Pode chorar, escrever (ou anotar em um papel o que está sentindo) ou conversar com seus pais ou um amigo. Aproximar-se de uma rede de apoio é importante. Caso essas emoções estejam muito intensas, a ponto de impedir que realize suas atividades, ou caso se sinta sozinho, procure um profissional de saúde. 
- Sua vida social é importante e pode e deve continuar; use as ferramentas tecnológicas em prol disso. Organize festas e piqueniques online em plataformas como o aplicativo Zoom.
- Tenha responsabilidade quanto aos conteúdos que assiste e muito cuidado com o que posta e com quem fala na internet.
- Busque conhecimento. Instituições como a FGV (Fundação Getulio Vargas, o Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), o Enap (Escola Nacional de Administração Pública) e a rede Ivy League Courses oferecem cursos online e, muitas vezes, gratuitos. Pesquise assuntos de seu interesse e aproveite para pensar o seu futuro profissional. Mas cuidado com o produtivismo. Não se force a aprender tudo de uma vez ou coisas que não te interessam em nada.
- Você pode elaborar e construir redes de apoio à comunidade, como coletivos online que promovam atos solidários (ajudando idosos a fazerem compras de alimentos, remédios por aplicativos ou telefone, por exemplo) ou páginas com informações relevantes para a época e com serviços locais sem divulgação.
- Descanse! Longos períodos no celular ou no computador e a interação prolongada nas redes sociais causam desgastes físicos e, algumas vezes, emocionais. O uso prolongado das telas também causa estresse. Deite-se no escuro um pouco para relaxar a visão, ouça músicas e desacelere.
- Se o excesso de informações sobre a Covid-19 estiver te causando muitas apreensões, modere o acesso.
- Ter um tempo sozinho é importante. Negocie com seus pais momentos de privacidade no quarto ou algum cômodo da casa.
Como lidar com a ansiedade durante a quarentena Foto: Editoria de Arte


- Faça atividades físicas. Vários aplicativos e academias têm oferecido virtualmente aulas e séries de exercícios funcionais que podem ser praticados em casa. 
- As inseguranças sobre o futuro e a situação financeira podem estar deixando os adultos altamente estressados e o ambiente mais propenso a conflitos. Isso pode afetar você também de algum modo. Veja se há algo a fazer que esteja a seu alcance e engaje-se. Aceite, também, o que não tem como mudar. Isso diminuirá a sua ansiedade.
- Converse com seus pais e procure saber como estão e se precisam de alguma ajuda, como, por exemplo, no uso das ferramentas tecnológicas ou outras coisas em que você tenha habilidade. Cuide também das tarefas domésticas, que é de responsabilidade de todos que vivem na casa e não só dos adultos.
- Faça uma faxina nas suas coisas e separe o que usa do que não usa mais, como, por exemplo, brinquedos e livros infantis. Reserve para doação. 
- Há pesquisas indicando um aumento do número de violência doméstica, física e sexual, neste período. Alguns canais de ajuda para essa situação estão abertos. Caso não tenha clareza se o que vive é uma situação de abuso, procure um profissional de saúde.
- Caso esteja se sentindo deprimido, sem vontade de viver ou pensando em suicídio, disque 100 ou procure ajuda de uma pessoa em que confia ou profissional de saúde. 
Fonte: Érika Lopes, psicóloga especializada no atendimento a adolescentes e Saúde da Mulher

quarta-feira, 18 de março de 2020

Como foi a luta de trincheiras na Primeira Guerra Mundial?

Nunca tanta gente morreu na lama
Foi um verdadeiro atoleiro, onde os dois lados rivais no conflito passaram anos imobilizados sem conseguir avançar no território inimigo. Iniciada em 1914 por causa de disputas econômicas e geopolíticas, a Primeira Guerra Mundial opôs as Potências Centrais (Alemanha, Império Austro-Húngaro e Turquia) contra os Aliados (França, Inglaterra, Rússia e, no fim, Estados Unidos).
Ela durou até 1918, terminando com a vitória dos Aliados, após a morte de mais de 20 milhões de pessoas! Na Frente Ocidental, as trincheiras se tornaram o centro das operações militares. Por causa delas, a Primeira Guerra viveu anos de impasse, pois nenhum dos lados tinha força suficiente para superar as linhas de defesa escavadas pelo inimigo.
“Por mais de dois anos ambos os lados em combate avançaram menos de 15 quilômetros tanto numa como noutra direção”, afirma o historiador americano John Guilmartin Jr., da Universidade de Ohio. Os campos de batalha onde ficavam as trincheiras eram um lamaçal constante e um lugar extremamente perigoso. Estudos indicam que quase 35% de todas as baixas sofridas na Frente Ocidental foram de soldados mortos ou feridos quando estavam numa trincheira!
Na maior fossa
No dia a dia dos soldados, faltava água e comida e sobravam ratos, lama e doenças
BURACO APERTADO
Uma trincheira típica tinha pouco mais de 2 m de profundidade e cerca de 1,80 m de largura. À frente e atrás, largas fileiras de sacos de areia, com quase 1 m de altura, aumentavam a proteção. Havia ainda um degrau de tiro, 0,5 m acima do chão. Ele era usado por sentinelas de vigia e na hora de atirar contra o inimigo
SEM DESCARGA
Os “banheiros” eram latrinas: buracos no chão com 1,5 m de profundidade. Quando estavam quase preenchidas, eram cobertas com terra e escavavam-se novos buracos – trabalho feito em geral por soldados que levavam alguma punição. Quando não dava tempo de chegar até a latrina, o jeito era mandar ver na cratera de bomba mais próxima…
TOCA “VIP”
A linha de frente para o inimigo não era a única trincheira. Havia outras linhas na retaguarda, interligadas por caminhos escavados na terra. Esses caminhos levavam também a abrigos usados como hospitais, postos de comando ou depósitos. Escorados por madeira, eram abrigos subterrâneos e não a céu aberto como as trincheiras
PÃO E ÁGUA
A maior parte da comida era enlatada. A ração diária do Exército inglês só dava direito a um pedaço de pão, alguns biscoitos, 200 g de legumes e 200 g de carne. Para reabastecer o cantil com água, muitos soldados recorriam a poças deixadas pela chuva… Para aliviar o sofrimento, suprimentos diários de rum, vinho ou conhaque eram oferecidos às tropas
ANDANDO NA PRANCHA
Boa parte das trincheiras foram feitas em regiões abaixo do nível do mar, onde qualquer buraco fazia jorrar água. A chuva constante piorava a situação, criando uma camada de água enlameada no chão das trincheiras. Para evitar esse barro todo, pranchas de madeira eram colocadas a alguns centímetros do solo
FOLGA BEM GOZADA
Nos períodos de calmaria, cada soldado ficava oito dias em trincheiras da linha de frente. Depois, passava quatro dias nas trincheiras da retaguarda, mais tranqüilas. Aí finalmente vinham quatro dias de folga, gozados em acampamentos militares a quilômetros do campo de batalha – muitas vezes com bordéis cheios de prostitutas na vizinhança
DE SACO CHEIO
Proteção barata e eficiente, os sacos de areia eram capazes de barrar os tiros inimigos. As balas dos fuzis da época só penetravam cerca de 40 cm neles. Eram tão úteis que cada soldado sempre carregava dois sacos vazios, que podia encher rapidamente para se proteger
VIDA INSANA
O terror da guerra e a quase insuportável vida nas trincheiras enlouquecia muitos soldados. Alguns feriam a si próprios para serem mandados de volta pra casa – fraude que, se descoberta, podia ser punida com fuzilamento! Os mais desesperados saíam da trincheira para ser mortos pelo inimigo
ATAQUE ANIMAL
Corpos em decomposição, enterrados em covas rasas perto das trincheiras, atraíam ratos, que proliferavam sem controle. Além de transmitir doenças, eles chegavam a roubar comida do bolso dos soldados e a roer o corpo dos feridos! Na total falta de higiene, piolhos disseminavam a febre das trincheiras, doença contraída por mais de 10% dos soldados
SILÊNCIO PERIGOSO
Na maior parte do tempo não havia ofensivas contra as trincheiras. Era uma guerra de espera, mas ainda assim muito perigosa. Atiradores passavam o dia de olho no vacilo de algum soldado que erguesse a cabeça pra fora do buraco. Especialistas em mineração tentavam fazer túneis até a linha inimiga para explodir as trincheiras por baixo!
ONDE ELAS FICAVAM
Conhecido como Frente Ocidental, o cenário onde as trincheiras ficaram famosas na Primeira Guerra estendia-se por cerca de mil quilômetros, indo do litoral do mar do Norte até a fronteira da Suíça. Por toda essa extensão ficavam, frente a frente, as linhas de trincheiras dos alemães e dos Aliados
No calor da batalha!
Nos difíceis ataques às trincheiras inimigas, soldados usavam até lança-chamas
PROFISSÃO PERIGO
Durante as ofensivas, os soldados eram instruídos a não parar para atender colegas atingidos. Cada um levava um kit de emergência e deveria cuidar de si até a chegada dos padioleiros, que retiravam os feridos em macas. Por causa do fogo cruzado e da lama que atrapalhava o deslocamento, era um trabalho superarriscado
FOI MAL AÍ…
O “fogo amigo” provocou grandes baixas. Na confusão que rolava durante uma ofensiva, os soldados podiam ser atingidos por metralhadoras de suas próprias trincheiras. Calcula-se que, só no Exército britânico, cerca de 75 mil soldados tenham sido mortos pela própria artilharia
TERRITÓRIO SELVAGEM
Para conquistar uma trincheira inimiga era preciso atravessar a terra de ninguém, o espaço entre as duas linhas que se enfrentavam. A distância entre as linhas variava de 100 m a 1 km, num terreno enlameado e cheio de crateras de bombas. No ataque, os soldados corriam em ziguezague para tentar escapar dos tiros
CAMINHO LIVRE
No caminho até a trincheira inimiga, era preciso driblar rolos de arame farpado com até 2 m de altura – e debaixo de muitos tiros… Para destruir essas barreiras, soldados treinados levavam um bastão de 2 m que tinha explosivos na ponta. Eles introduziam o bastão no meio do arame e detonavam o explosivo, abrindo caminho para a tropa
TOCHA HUMANA
O lança-chamas foi usado pela primeira vez em combate na Primeira Guerra. Dois homens operavam o equipamento, lançando jatos com um alcance de 25 a 40 m. Seus operadores corriam grande perigo: um único tiro no tanque de combustível e eles iam pelos ares!
TRÂNSITO CAÓTICO
As batalhas provocavam um engarrafamento nas trincheiras de comunicação, que interligavam as linhas de frente e da retaguarda. Por elas chegavam tropas de reforço e partiam feridos, além de serem transportadas munições. Na confusão, neste apertado labirinto, vários soldados se perdiam pelo caminho
TÁTICA VENENOSA
Na Primeira Guerra, mais de 91 mil soldados foram mortos por gases venenosos e outras armas químicas. Esses produtos podiam ser lançados por projéteis da artilharia ou por granadas carregadas pelos soldados. Eram usadas substâncias como o gás de cloro, que provocava asfixia nas vítimas
BOMBANDO POR TRÁS
Os soldados que avançavam contra a linha inimiga tinham apoio da artilharia. As baterias de canhões ficavam na retaguarda – cerca de 10 km atrás das linhas de frente – e disparavam pouco antes da ofensiva da tropa. Como a comunicação era precária, nem sempre a sincronia era perfeita. Às vezes bombas caíam sobre a própria tropa…
MÁQUINA MORTÍFERA
A mais poderosa arma para barrar os ataques eram as casamatas com metralhadoras. Muito usadas pelos alemães, eram minifortalezas com paredes espessas e fendas por onde a metralhadora disparava. Produziam tantas baixas que seus ocupantes eram os soldados mais odiados: um metralhador capturado geralmente era executado no ato!
SOLDADO PESO PESADO
O equipamento pessoal e o armamento dos soldados, mais ou menos comum a todos os exércitos, pesava cerca de 30 kg. O peso do equipamento atrapalhava a movimentação e vários exércitos trataram de reduzi-lo no decorrer da guerra
POR DENTRO DO LANÇA-CHAMAS
1. Um lança-chamas tinha três cilindros: dois com líquido combustível (como óleo diesel) e um com um gás inflamável pressurizado. Quando a arma era acionada, o gás entrava nos cilindros com combustível, forçando-o a sair com grande pressão pelas mangueiras
2. No corpo da arma, havia um sistema de ignição: em geral, uma resistência elétrica, acionada por bateria. Ela aquecia o líquido combustível até ele pegar fogo e sair do lança-chamas na forma de um jato incendiário

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

A Primeira Guerra Mundial

Cena do filme 1917.

Primeira Guerra Mundial foi um marco na história da humanidade. Foi a primeira guerra do século XX e o primeiro conflito em estado de guerra total – aquele em que uma nação mobiliza todos os seus recursos para viabilizar o combate. Estendeu-se de 1914 a 1918 e foi resultado das transformações que aconteciam na Europa, as quais fizeram diferentes nações entrar em choque.
O resultado da Primeira Guerra Mundial foi um trauma drástico. Uma geração de jovens cresceu traumatizada com os horrores da guerra. A frente de batalha, sobretudo a Ocidental, ficou marcada pela carnificina vivida nas trincheiras e um saldo de 10 milhões de mortos. Os desacertos da Primeira Guerra Mundial contribuíram para que, em 1939, uma nova guerra acontecesse.

Fontes: