A criança e a publicidade: alvo fácil. |
Viver assim, como bem diz um sociólogo, é “lamber os beiços diante de uma existência açucarada”. Essa visão de um mundo cheio de prazeres e poderes concorre, contudo, com a experiência da realidade. Realidade logicamente insatisfatória se comparada às maravilhas da euforia prometida. Em relação ao sonho publicitário, o conto de fadas tem pelo menos duas vantagens: ele comporta realidades cruéis que fazem com que o princípio de realidade não seja esquecido; e propõe uma história imaginada e a criança sabe que se trata de imaginação. O sonho publicitário, ao contrário, tudo promete — pela compra ou pelo consumo. Ele abre as portas à inevitável frustração, sobretudo para nossas crianças pobres e expectadoras da televisão.
Idealmente representada no seio do universo publicitário, a criança se pergunta por que deixar esse mundo ou, então, por que crescer, se ela já tem prazer e poder? Os pais, por sua vez, maravilham-se e calam-se diante dessa infância protegida em meio a objetos e às delícias do consumo. Os gritos diante do carrinho de supermercado meio-vazio me fazem constatar que estamos, infelizmente, educando crianças que são o fruto de um sistema que as modela à sua imagem. Crianças que querem o mundo, em vez de construir suas personalidades a partir do verdadeiro desejo. Contra a ditadura do querer, é preciso reaprender a desejar. – Mary del Priore (Baseado em “Histórias do Cotidiano”).
Fonte:http://historiahoje.com/?p=2132
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