Durante
as Grandes Navegações Marítimas Europeias (principalmente nos séculos XV e
XVI), as embarcações eram feitas principalmente nos portos de Portugal e na
região da Andaluzia, na Espanha. As caravelas mediam cerca de 20 metros de
comprimento e pesavam até 80 toneladas. Nessas embarcações, comprimiam-se
durante meses de viagem cerca de 60 homens e mais os animais destinados à
alimentação, além de armas, munições, alimentos, entre outros.
O
cotidiano dos navegadores não era nada fácil. Além dos medos imaginários,
presentes nos pensamentos desses navegadores (como a crença de que o oceano era
povoado por monstros e dragões), também existiam os medos reais, as
dificuldades de navegar em mar aberto, as tempestades e chuvas intensas, as
doenças e a péssima alimentação.
Neste
texto iremos aprender um pouco sobre o cotidiano das Grandes Navegações.
Conheceremos mais sobre a alimentação dos navegadores dentro das Caravelas, ou
seja, sobre a dieta de bordo dos navegadores.
Gravura de
Alfredo Roque Gameiro (1864 - 1935)
reproduz o interior de uma nau portuguesa:
hierarquias diluídas na convivência em alto-mar.
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As
viagens marítimas nos séculos XV e XVI eram cheias de imprevistos (que ainda
hoje ocorrem). Quando a viagem transcorria de forma normal, sem imprevistos, a
comida a bordo supria precariamente as necessidades dos tripulantes, mas se
ocorresse algum imprevisto, como tempestades, danos físicos nas embarcações ou
alguma imperícia do piloto, os tripulantes sofriam com a falta de alimentos.
Nas
embarcações, principalmente durante os séculos XV e XVI, o principal alimento
era o biscoito. De acordo com o clima e sob certas circunstâncias (invasão de
água na embarcação), essa alimentação passava por algumas alterações, ou seja,
encontrava-se em péssimas condições para a alimentação (por causa do mofo e da
umidade). Geralmente cada tripulante recebia diariamente cerca de quatrocentos
gramas de biscoito para sua refeição.
O
vinho tinha presença obrigatória nas embarcações. A água utilizada para beber e
para cozinhar era guardada em grandes tonéis ou tanques, inapropriados. Assim,
quase sempre a água estava infectada por bactérias, o que sempre provocou
infecções e diarreias nos tripulantes.
Os
alimentos sempre eram distribuídos pelo capitão da embarcação e por um
ajudante. Essa distribuição dos alimentos era estabelecida em regimentos
(porções) e somente o capitão e o ajudante tinham a chave dos estoques de
alimentos. A segurança era rigorosa para vigiar os alimentos, pois a sua falta
poderia comprometer toda a viagem e causar mortes tanto pela fome, tanto por
conflitos entre os tripulantes por causa do alimento.
Juntamente
com a tripulação, existia a presença de ratos e baratas, sempre comprometendo a
qualidade dos alimentos. Outro fator que contribuía para a falta de higiene era
a ausência de banheiros na embarcação – geralmente os tripulantes faziam suas
necessidades em recipientes e as lançavam ao mar. Esses fatores contribuíram
bastante para a proliferação de doenças e mortes nas embarcações.
Leandro
Carvalho
Mestre em História
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