terça-feira, 7 de abril de 2015

Quando os homens desceram do salto

Por Anna Carolina Aguiar
salto-salto
Sofrer com os pés espremidos em um belo sapato de salto nem sempre foi um desconforto só das mulheres. Hoje em dia, poucos homens têm coragem o suficiente para sair por aí com o calçado. Mas houve uma época em que subir no salto era bastante comum entre os integrantes do sexo masculino. O acessório era sinônimo de bom gosto e de uma boa posição social. A festa acabou na primeira metade do século 18.
Antes de dizer por que o costume desapareceu, a gente diz como ele começou. O salto alto surgiu com os persas e era um item obrigatório para os cavaleiros, pois dava aos soldados maior controle de seus cavalos e lhes permitia disparar flechas com mais estabilidade.
A moda se expandiu através do imperador persa Shah Abbas I que, para derrotar o Império Turco Otomano, enviou homens de confiança em missões diplomáticas nos países europeus. Os representantes persas que passaram por países como Alemanha, Espanha, Rússia e Noruega influenciaram muito a cultura do Velho Mundo. Aristocratas passaram a usar sapatos de salto para reforçar seu poder sobre o restante da população. Logo, a moda também pegou entre as camadas mais populares.
Para não ficar por baixo, a aristocracia passou a apreciar saltos cada vez maiores, que passaram a ser atestado de virilidade e imponência. E, claro, quem usava salto era quem não precisava caminhar muito pelas ruas esburacadas e enlameadas da época, muito menos trabalhar de pé por várias horas.
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Em uma de suas mais conhecidas retratações, feita em 1701, Luis XIV aparece usando um sapato de salto. O monarca media apenas 1,63m e utilizava calçados para dar uma ajudinha em sua estatura. Muitos de seus sapatos eram decorados com imagens de seus feitos como governante. O monarca francês decretou em 1670, inclusive, que apenas membros de sua corte tinham permissão para utilizar salto alto vermelho. Charles II, da Inglaterra, também era afeito aos saltões, apesar de medir 1,85m. A imagem que abre esse texto, inclusive, é um retrato dele.
Com a popularização dos saltos, mulheres que queriam parecer-se com homens passaram a usar os calçados para tentar se equiparar ao sexo masculino. Além de cortarem os cabelos curtos e de fumarem cachimbos, elas passaram a utilizar o salto alto.
Algumas décadas depois, com o advento do Iluminismo, aconteceu o que se chamou de a Grande Renúncia Masculina. Os homens passaram a buscar mais a praticidade e menos a beleza em sua aparência. Abriram mão de roupas e adornos mais elaborados e deixaram-nos para as mulheres, adotando um vestuário mais neutro e austero, preferencialmente escuro. Os saltos passaram a ser vistos como algo irracional e marca do sexo dito “frágil”. Após a Revolução Francesa, o saltão caiu em desuso também no universo feminino.
O acessório voltou aos pés das moças em meados do século XIX, com a erotização da imagem feminina através da fotografia. Os homens, no entanto, não voltaram a utilizar o salto alto em grande escala, como antigamente. Ainda bem que há exceções.
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Fonte: http://super.abril.com.br/blogs/historia-sem-fim/quando-os-homens-desceram-do-salto/

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